segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Enfermagem...mais do que uma escolha, um sonho!

A enfermagem entrou na minha vida quando ainda cursava a oitava série. Tinha uma vontade desde muito pequena de entrar para a Marinha, porém, para mulheres ingressarem no corpo auxiliar de praças, era necessário nível técnico, e eu não tinha. Um dia caminhando com a minha mãe para a escola (ela era professora da escola que eu estudava), passei em frente ao curso de enfermagem da minha cidade e pensei que era a opção que eu tinha, entrava no curso, fazia o técnico e ingressava na carreira militar.



Nunca havia pensado na enfermagem como profissão, até pelo fato de não ser muito divulgado por não ser tão reconhecido. Entrei para o curso, antigamente havia o auxiliar de enfermagem, que a pouco tempo foi cortado do mercado, os que se formaram ainda podem trabalhar, porém não existe mais o curso, entra direto para o curso de técnico, que tem a duração de 2 anos ao invés de 1.

No decorrer do curso percebi que simplesmente a enfermagem me definia, me identificava com cada detalhe do trabalho. Foi difícil conciliar colégio e curso, mas eu queria tanto aquilo que me dedicava demais, horas estudando, tirava as melhores notas, era o que eu queria ser....da enfermagem!

Depois de concluir o curso, precisava fazer o técnico de enfermagem, cursava o terceiro ano do segundo grau e fazia o curso a noite. Foi no técnico que a certeza veio mais forte ainda, admirava o trabalho dos funcionários nos estágios que eu fazia, queria cada vez mais ler mais coisas e saber mais sobre a profissão antes nem pensada! Conclui o curso e já pensando na minha graduação, tinha que ser Enfermagem, era a minha profissão, era a minha vida, meu sonho.

Minha cidade é pequena e o curso de Enfermagem só existia na faculdade particular, logo me bateu o desespero, precisava estudar muito e conseguir passar para uma pública no Rio de Janeiro. Minha família não teria condição de me ajudar a pagar a faculdade e nem de me manter aqui no Rio caso eu passasse, mas a vontade era tanta que eu não desanimei diante das dificuldades.

Comecei a trabalhar para pagar meu cursinho pré vestibular, mas infelizmente meu avô adoeceu, jamais deixaria outra pessoa que não fosse da família cuidar dele, era nossa obrigação, devíamos a ele por tudo que ele foi para nós. Larguei o trabalho e fiquei cuidando do meu avô. Pensei em desistir do cursinho porque não teria dinheiro, mas meu avô fez questão de pagar, dizia que eu seria a Enfermeira dele, que não podia deixar de estudar. Entrei no cursinho a noite para poder passar o dia todo cuidando dele e quando minha mãe chegasse ficava com ele e eu ia estudar, foi assim por 2 anos.

Até que abriram as inscrições para o SISU, fiz a minha inscrição com a nota do Enem do ano anterior e rezei para que conseguisse, enquanto isso as provas do vestibular começariam e me dedicaria ao máximo para passar. Só pensava em como deixaria meu avô sozinho para morar no Rio, isso me tirava o sossego, as vezes me desanimava de correr atrás. Até que meu avô ficou muito doente e teve que internar no hospital, passava o dia todo com ele, saia pro curso e voltava pra dormir com ele, foi uma rotina de 2 meses quase. Até que no dia 11 de junho de 2011, no dia que não dormi com ele porque seria o vestibular da UERJ, meu avô faleceu. Não poderia existir dor pior pra mim naquele momento, tudo foi por água abaixo.

Parecia que ele sabia que eu não o deixaria aqui mesmo passando pra universidade, porque um mês depois quase, recebi a notícia de que havia passado para UNIRIO em Enfermagem. Era um misto de felicidade e tristeza.

Hoje sigo ainda em busca do meu sonho de me tornar Enfermeira, entrei em 2011 na Universidade, comecei a trabalhar para me sustentar no Rio, me atrasei por conta disso, mas estou firme e forte no meu objetivo. Me formo ano que vem, no meio do ano e com a certeza que meu avô fez isso por mim, ele que me dá forças até hoje para seguir em frente.

A Enfermagem depois de tudo que eu passei e de tudo que eu aprendi é simplesmente a única profissão que me vejo. É mais do que apenas ser, é querer mais do que tudo na vida. Já ouvi palavras desanimadoras de muitas pessoas em relação a minha escolha, "porque não faz medicina?", "você gosta de ser mandada?", "enfermeiro ganha pouco, faz medicina"...juro que quanto mais eu ouvia mais eu me fortalecia.

Dica para todos que desejam ser Enfermeiros, todos que desejam o cuidar como meta principal de vida, NUNCA desistam dos seus sonhos, a Enfermagem é linda como ela é, é a profissão que mais se assemelha ao amor de mãe para filho. E não precisam provar para ninguém o seu real valor, pois a sua recompensa de trabalho e dedicação, vem do sorriso do paciente, do abraço, do obrigada, da cura do paciente.



Até a próxima, Mari G.



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